Francisco Neto quer duelos de elite para fazer crescer Portugal

Futebol Fem. - Seleção A

Selecionador Nacional e a capitã Dolores Silva lançaram o jogo com os Países Baixos

Francisco Neto quer que Portugal seja mais consistente e não esconde que a recente vitória sobre os Estados Unidos funcionou como um impulso decisivo. O Selecionador Nacional sublinhou que o triunfo em solo norte-americano foi “muito importante” para revitalizar a equipa, que ambiciona agora transformar boas exibições em resultados mais regulares.

A Seleção Nacional Feminina A somou uma vitória nos últimos 10 jogos — precisamente a conquistada em outubro, diante das campeãs olímpicas dos Estados Unidos (2-1). Ainda assim, Francisco Neto prefere olhar para os sinais de evolução, recordando que, em 2025, Portugal venceu também a Bélgica (1-0), empatou com a campeã europeia Inglaterra (1-1), dividiu pontos com a campeã africana, Nigéria (0-0), e voltou a empatar com a Itália no Europeu, antes de surpreender as norte-americanas no seu próprio território.

“Se falarmos no ano de 2025, temos a vitória frente à Bélgica [1-0], o empate com a Inglaterra [1-1], campeã da Europa. Depois, um empate em casa com a campeã africana [Nigéria, 0-0], um empate com a Itália no Campeonato da Europa e a vitória agora com as campeãs olímpicas”, recordou, na antevisão do jogo com os Países Baixos, marcado para sexta-feira, às 19h45, no Estádio Municipal de Braga.

Assumindo que os números gerais “não são maravilhosos”, Francisco Neto fez questão de contextualizar: “Não nos escondemos atrás das coisas, temos de querer ser melhores e trabalhamos para isso, mas como é lógico ir a casa das campeãs olímpicas onde pouca gente, desde sempre, lá ganhou, e a forma como vencemos no primeiro jogo, como competimos no segundo [derrota por 3-1] e o equilíbrio que se viu, para mim isso é o mais importante. A forma dominadora como jogámos diz-nos que este é o caminho, mas temos que o conseguir fazer mais vezes, ser mais consistentes. Sabemos internamente porque não o somos, mas o crescimento de uma equipa e de um projeto é feito destes altos e baixos”.

O histórico entre Portugal e os Países Baixos não é favorável: em nove confrontos, a Equipa das Quinas venceu apenas um, em 2001. Mas Francisco Neto quer que Portugal seja capaz de “criar problemas” às neerlandesas com a sua identidade de jogo e, em simultâneo, “superar os problemas” que o adversário irá certamente impor. O Treinador destacou a importância da "análise detalhada por vídeo, das imagens e das reuniões individuais" na preparação das internacionais portuguesas.

Sobre o facto de Países Baixos e Brasil estarem bem colocados no ranking mundial (no 11.º e 7.º postos, respetivamente), o Técnico foi claro: “O caminho mais fácil seria não competir com estas equipas, mas temos a perfeita noção de que, se não jogarmos contra elas, nunca vamos estar no patamar delas. Para chegarmos a esse nível, temos que jogar com as melhores seleções para estarmos mais preparados mais à frente”.

Francisco Neto explicou ainda que o tipo de trabalho desenvolvido com as jogadoras depende muito do calendário competitivo. “Quando se vem de uma série de datas FIFA em que temos muito tempo com as jogadoras a nossa ideia de jogo está mais assimilada e podemos olhar mais para o adversário. Quando estamos juntos com menos frequência, temos que olhar mais para nós. É neste registo que temos vindo a fazer crescer a nossa Seleção”.

Com várias caras novas na equipa [Carolina Santiago, Érica Cancelinha, Maísa Correia, Inês Meninas e Raquel Ferreira], Francisco Neto destacou a “energia” que trazem ao grupo, bem como o papel das mais experientes na sua integração. “Estão a dar os primeiros passos no futebol sénior, mas têm demonstrado que estão aptas para estar neste contexto, mas como com todas as jogadoras, isto demora tempo porque o nível é muito alto”, sublinhou.

Dolores Silva diz que Portugal voltou a confiar em si próprio
A capitã da Seleção Nacional, Dolores Silva, defendeu, esta quinta-feira, a importância estratégica de Portugal se medir com adversários de elite, como os Países Baixos e o Brasil, sublinhando que estes desafios elevam o patamar competitivo da equipa e consolidam a confiança reforçada pela recente vitória sobre os Estados Unidos.

“Vejo estes dias de forma bastante positiva, temos vindo a trabalhar bem, muito focadas no que queremos potenciar na nossa equipa e depois estudar a estratégia dos adversários. Para nós, é sempre uma oportunidade muito boa jogar contra grandes equipas e este é mais um estágio em que podemos fazer isso”, afirmou a internacional portuguesa.

Portugal ficou pela fase de grupos no último Europeu, disputado em julho, mas a experiente centrocampista lusa, de 34 anos, e atualmente ao serviço do Levante, garante que o grupo saiu fortalecido dessa experiênciae já recuperou a autoconfiança. Portugal, disse, aprendeu “a voltar a confiar” em si próprio e “a acreditar no seu potencial”.

“Isso ficou provado com os dois jogos com os Estados Unidos. Foi muito bom voltarmos a ter essas sensações de que somos capazes de competir ao mais alto nível independentemente do que aconteceu no Euro. O objetivo é sempre continuar a crescer”, notou.

A capitã reconheceu que o triunfo obtido em solo norte-americano poderá ter funcionado como um momento de viragem. “Sim, foi um momento bastante importante. Foi após vários meses sem estarmos juntas, não tínhamos terminado o Europeu da maneira como queríamos, e para nós foi super importante. Tudo o que mostrámos em campo representa o que somos como equipa, que em momentos menos bons nos vamos levantar porque temos qualidade para isso. Mas, não nos podemos agarrar só a isso, temos que continuar a trabalhar ao máximo e a crescer e evoluir, representando Portugal com a máxima honra e orgulho”, afirmou.

Portugal mede forças com as neerlandesas esta sexta-feira, às 19h45, no Estádio Municipal de Braga, antes de receber o Brasil, na próxima terça-feira, em Aveiro, também às 19h45. Estes jogos integram o ciclo de preparação que antecede a qualificação para o Mundial de 2027, que arranca em março de 2026.

Treino em Guimarães e visita ao palco do jogo
As comandadas de Francisco Neto realizaram, na manhã desta quinta-feira, uma sessão de trabalho na Academia do Vitória Sport Clube, em Guimarães, com foco na preparação do jogo frente aos Países Baixos.

Durante a tarde, as Navegadoras deslocaram-se ao Estádio Municipal de Braga, onde irão defrontar a formação neerlandesa, e tiveram oportunidade de pisar o relvado através de um 'walk around'. O momento serviu para ambientar a equipa ao palco do encontro desta sexta-feira.