Candidato à presidência da República acredita que o país poderia usar a resiliência, capacidade de superação e talento do CR7 como inspiração
Candidato à presidência da República, Henrique Gouveia e Melo tem a vela e a natação como desportos favoritos, mas não tem dúvidas sobre a importância do futebol, seja na formação de atletas e cidadãos, seja na sua capacidade de integrar comunidades, seja ainda na projeção internacional do país. “Os jovens que praticam desporto têm uma atitude mais saudável na relação com a sociedade”, referiu, este sábado, no Portugal Football Summit: “O futebol tem um papel muito relevante a esse nível. No Brasil há um exemplo de integração de jovens que podiam cair numa vida mais marginal, e mesmo que não tenham sucesso no desporto, têm mais sucesso na vida. Os países nórdicos estão mais avançados e creio que é neles que nos devemos rever. O desporto e o futebol combatem problemas de saúde a medio prazo, mas também problemas de integração e esse é um potencial que não pode ser desperdiçado”. Nesse sentido, Gouveia e Melo defendeu uma intervenção direta do Estado: “Acredito que há áreas fundamentais para o Estado. O futebol ajuda à integração, promove a saúde e eu acredito que o Estado deve ter intervenção a esse nível. Seja com infraestruturas, seja com financiamento porque essas atividades contribuem para a construção do próprio estado”.
A dificuldade para reter talento dos clubes portugueses é vista pelo candidato à presidência como sintoma de um problema mais vasto. “Muitos dos nossos jovens acabam por emigrar e sair do país. Não basta criar talento, é preciso reter talento. Os jovens saem pelo dinheiro, mas também pelos projetos que lhes são propostos. Se tiverem clubes em Portugal que os projetem a nível mundial, vão ficar. E esse também é o caminho para o país: oferecer soluções de vida e de progressão que levem os nossos jovens mais qualificados a quererem ficar por cá”.
Sublinhando ter uma relação relativamente distante com o clubismo, Gouveia e Melo assume-se benfiquista e fala de uma inevitabilidade: “Nasci em Moçambique, na década de 1960/70, e havia dois jogadores moçambicanos, o Coluna e o Eusébio, que jogavam no SL Benfica, pelo que praticamente não tive escolha”. Em contrapartida, a escolha de se candidatar à presidência da República foi devidamente ponderada. “Um navio não se pode separar em pedaços. E Portugal esta dividido e cada pedaço quer ir para um lugar diferente. A Presidência é a cola para unir esse navio e definir um rumo coletivo”, explicou. E se Portugal fosse um jogador de futebol, Gouveia e Melo gostaria que fosse Cristiano Ronaldo: “Pela resiliência fantástica, pela capacidade de superar todas as provas, pela ambição. Eu quero que Portugal seja ambicioso como o Cristiano. Devemos ter uma ambição coletiva de caminhar para uma sociedade mais coesa, mais prospera e isso depende de todos os nós”.