David Jackson: “IA? Numa corrida ao ouro, investe em pás”

Portugal Football Summit

O impacto das novas tecnologias e em particular da IA no futuro do futebol levanta desafios para os clubes e oportunidades para os adeptos

O futuro é um lugar muito importante, afinal é lá que vamos passar o resto das nossas vidas. E foi de futuro do futebol que se falou no painel Jogos, Tecnologia e IA: Revolucionar a Experiência dos Adeptos moderado por Michael Broughton (Co fundador da Sports Investment Partners). O tema é vasto, mas há algumas certezas sobre o que vai acontecer a curto prazo.

Sam Huber, CEO de MENA e Presidente Global da Napster, não tem muitas dúvidas. “A principal coisa que está a mudar é a tecnologia disponível e a forma como, em particular a IA, vai alterar o panorama. O que faz IA funcionar são dados. Portanto, a questão é quantos dados pode um clube ou uma liga gerar”. Uma visão partilhada por David Jackson, da Electronic Arts. “Numa corrida ao ouro, investe em pás. A corrida à IA vai ser ganha por uma mão cheia de indivíduos e já sabemos quem são. Se não podemos chegar ao “ouro” temos de pensar no resto da economia que lhe está associada, ou seja, dados”. Saber tudo sobre os adeptos, mais do que idade, local de nascimento ou hábitos de consumo, também quem é o jogador favorito, qual foi o melhor jogo a que assistiu, esse é o tipo de dados que podem valer ouro nesta nova revolução tecnológica.

“Vemos um futuro em que toda a experiência online será diferente da atual. Num mundo onde será possível gerar conteúdo imediatamente, mesmo o conceito de um website vai desaparecer. Será possível desenhar uma experiência que será individualizada para cada adepto. Mas só é possível com a quantidade dados que o permitam e com a quantidade de dados sobre o utilizador que a tornem eficaz. Portanto, será a propriedade desses dados que tornarão cada agente relevante no mundo da IA”, explica Sam Huber.

Luis Ureta, CEO da Sportian, ocupa um espaço de mediador entre os clubes e as tecnologias nesta revolução. “Na nossa empresa tentamos aconselhar ligas e clubes a navegar novas tecnologias e modelos de negócio que estão a surgir. A indústria está a expandir-se para canais mais diretos, com novos formatos que são mais interativos que afetam a forma como o adepto se relaciona com o fenómeno”.

Olhar para a IA, não apenas como uma tecnologia, mas como um novo meio de comunicação, é o desafio proposto por Sam Huber. “Ainda estamos apenas a arranhar a superfície de tudo o que isso pode significar. Temos uma aplicação de IA, a Companion, onde as pessoas podem pedir, por exemplo, um médico digital e conversar com um especialista. Se aplicarmos isso ao desporto, fazendo o mesmo com um jogador ou um treinador, o potencial é enorme”

Em jeito de conclusão, fica um conselho para clubes, ligas e até atletas: “A propósito da importância dos dados, é muito bom ter cinco milhões de adeptos numa conta de Instagram, mas ter cem mil numa plataforma que os clubes possuem e onde podem oferecer um produto diretamente, ficar com 100 por cento das receitas em vez de as partilhar e acumular dados, isso é mais sensato”.

 

 

 


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