Presidente da Associação Nacional dos Treinadores de Futebol defende “plataforma de entendimento mais ágil” com o IPDJ
Henrique Calisto, figura marcante do treino em Portugal e atual presidente da Associação Nacional dos Treinadores de Futebol (ANTF) assumiu, esta quinta-feira, no Portugal Football Summit, o “grande défice” que detetou na formação de treinadores portugueses no que diz respeito à comunicação perante os jogadores e os media. Essa é uma das preocupações da ANTF, admitiu.
“O domínio das línguas é fundamental no futebol atual, porque os jogadores são das mais diferentes paragens. Ter esta capacidade de comunicação mais direta e precisa é fundamental para o treinador. Ao nível da psicologia da performance há também um longo caminho a percorrer, controlar a liderança empática e funcional é importante. Não sou um defensor das lideranças autocráticas, é preciso autoridade, mas com democracia. Não basta saber, é preciso fazer. A nossa formação tem de ir mais para o terreno”, referiu: “Numa sociedade cada vez mais egocêntrica, os treinadores são fundamentais, nomeadamente, os da formação”.
No que diz respeito à articulação que tem de existir entre o Instituto Português do Desporto e Juventude (IPDJ) e a UEFA para a formação dos treinadores, Henrique Calisto defendeu uma urgente harmonização dos processos. “O plano está desajustado. Há uma articulação com a ANTF, mas a única federação que cumpre todos os requisitos da lei é a Federação Portuguesa de Futebol, as outras modalidades, ou a grande maioria, não cumprem. Esta ligação da ANTF e a FPF é estreita, somos parceiros de corpo e alma, mas há uma incompatibilidade com o IPDJ. Dou só um exemplo: a convenção da UEFA exige apenas um ano de prática para o curso do III Nível, mas o IPDJ obriga a dois. Isto não faz sentido e temos de dialogar mais para chegarmos a um consenso. Nós temos essa sensibilidade, mas o IPDJ, como senhor de todo o poder muitas vezes não nos houve. Esta plataforma de entendimento tem de ser mais ágil”, sintetizou Henrique Calisto, dizendo-se, neste momento, “muito preocupado em criar oportunidades aos treinadores para irem lá para fora”, mas solicitando “uma estratégia coletiva, que envolva outras entidades, para a afirmação do treinador português no estrangeiro”.
O presidente da ANTF, de resto, deixou um desafio para o futuro próximo, que é “criar uma marca ‘Portuguese Coach’ e certificá-la”. “Se nós conseguirmos afirmar essa marca vamos colocar muitos mais treinadores portugueses. Que seja um sinónimo de qualidade e excelência do treinador português”, vincou Henrique Calisto, concluindo com um pedido expresso ao Estado: “Os treinadores portugueses têm de ser ajudados como acontece em outras profissões. Não faz sentido que um jovem treinador que queira tirar o Nível III tenha de pagar cinco mil euros.”