Rute Silva: “O ‘Walking Football’ é motor de promoção de saúde e felicidade

Portugal Football Summit

Coordenadora do projeto de Walking Football da FPF, Stephen Whiting, da Organização Mundial de Saúde (OMS), e Hugo Viseu, da UEFA, abordaram a modalidade que está a mobilizar a população sénior

O último dia do Portugal Football Summit trouxe para cima da mesa algumas das estratégias que o desporto rei utiliza para se reinventar. Longe dos holofotes, o Walking Football está a provar que o futebol pode ser um instrumento poderoso de saúde, inclusão e bem-estar em todas as idades. Alfredina e Toni são os padrinhos do programa Walking Football, um projeto que obriga todos a sair do sofá e, para muitos, é a primeira experiência com o futebol, mesmo quando o corpo já não permite grandes correrias. “ É a primeira vez em 77 anos que faço um jogo!” ouve-se nas imagens alegres que mostram o programa no terreno. Os cabelos quase todos grisalhos destes atletas contrastam com os sorrisos rasgados dos federados do Walking Football, uma modalidade sem questões do género ou idade. O programa é para pessoas com mais de 50 anos e as regras são simples porque não se pode correr, só se pode dar três toques, nunca acima da cintura. Mas, aqui o que menos interessa, é a competição, substituída pelo convívio e a boa disposição.

Stephen Whiting, da Organização Mundial de Saúde (OMS), explicou no Palco Sagres do Portugal Football Summit que o sentido de “pertença e amizade” são o mais importante neste projeto que explora o “impacto físico, mental e social desta modalidade e que está a redefinir o papel do desporto como força positiva na sociedade.”

Hugo Viseu,  responsável da UEFA pela área que integra o programa, avançou que há uma enorme preocupação em ter “uma politica de saúde e bem estar para promover comportamentos saudáveis” e o Walking Football é excelente para os seniores. “A adesão foi tão grande que foram criados dois regulamentos, um para o lazer e outro para quem leva o jogo mais a sério e quer competir”.

O projeto cresceu de mãos dadas com dois estudos científicos sobre o impacto do mesmo em pessoas com diabetes e cancro da próstata. Contas feitas, após um ano civil e 40 diabéticos, o custo é de 3,03 euros por sessão.

Rute Silva, a coordenadora do projeto, partilha os louros e fala constantemente em rede de apoio e trabalho. “52 por cento dos praticantes chegam através dos municípios, juntas de freguesia e universidade seniores. Já há médicos de família a prescreverem o Wallking Football”, conta orgulhosa. “As associações regionais, os clubes, os municípios, todos os parceiros são essenciais para nós. O nosso praticante mais velho é o senhor Benjamim, que tem 93 anos, é viúvo e vive sozinho em S. Pedro Sul”, revela. “ Voltou a conviver, passear, arranjar novos amigos. Mais do que fisicamente, faz bem à saúde mental, As pessoas estão mais felizes. É muito mais do que uma modalidade tem um impacto espetacular na vida das pessoas, que são mais felizes”.

O efeito vai muito além da mobilidade e atividade física nos relvados defende Stephen Whiting. “O impacto na solidão é enorme, além dos benefícios físicos. Há relações entre adultos, pessoas com doenças crónicas que estabelecem novas amizades e fortalecem laços com a comunidade”, explica.

Hugo Viseu acrescenta mais dados. “Verificamos que há maiores níveis de demência, doenças mentais nestas idades em que as pessoas têm tendência a isolar-se. Criando estas rotinas as pessoas voltam à atividade física e ao contacto social e cria um sistema e mentalidade de comunidade, tornando todos mais saudáveis. É muito positivo”, sustentou.

Hugo Viseu e Stephan Stephen Whiting assumiram que continuam a trabalhar em alargar a rede de parceiros e envolver os decisores políticos. Como? “Como podemos construir e fortalecer uma comunidade? Qual é o risco? Todos os decisores públicos devem apoiar”, defendeu o responsável da UEFA. Rute Silva nem pestanejou perante o desafio: “O Wallking Football é um motor de promoção de saúde e felicidade”.


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